REGIONALIZAÇÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS
Desde o início da crise múltipla, as OEMs e fornecedores de automóveis começaram a regionalizar suas cadeias de suprimentos. De repente, há um foco maior em países como a Romênia, em vez da China. Os especialistas em Europa Oriental da Staufen AG ajudam as empresas a se destacarem. Nesta entrevista, Adrian Sandu, Secretário-Geral da Associação de Fabricantes de Automóveis da Romênia (ACAROM), explica por que seu país é uma localização sólida.
Sr. Sandu, a crise da Covid-19 demonstrou quão frágeis são as redes globais de cadeias de suprimentos e, assim, proporcionou um ímpeto para uma maior regionalização. A Romênia se beneficiou disso?
As cadeias de suprimentos foram impactadas negativamente pela COVID e pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Por exemplo, componentes fornecidos pela China foram bloqueados ou partes plásticas fornecidas pela Ucrânia não foram entregues a tempo. Como resultado, OEMs como o Grupo Audi começaram a buscar fontes alternativas de componentes da Romênia, Sérvia e Hungria.
Como as cadeias de suprimentos se desenvolverão no futuro? A tendência para a regionalização continuará ou os fabricantes e fornecedores europeus voltarão a olhar para o Extremo Oriente?
O êxodo começou durante a crise financeira de 2007/2008, porque parecia mais eficiente na época ter os componentes fabricados no Extremo Oriente. Agora, os fornecedores estão começando a trazer a fabricação de volta para a Europa. Isso é verdade para peças plásticas, bem como baterias e componentes eletrônicos, e especialmente semicondutores. Nesse contexto, a Comissão Europeia iniciou vários programas de financiamento para atrair investidores. Grandes fornecedores como a Bosch já anunciaram que pretendem fabricar semicondutores e outros componentes eletrônicos na Europa. Essa tendência deve continuar se a Europa quiser evitar crises logísticas como as dos últimos anos no futuro.
Adrian Sandu
General Secretary
ACAROM Romanian Automobile Manufacturers Association
Quais vantagens específicas a Romênia oferece às empresas que desejam investir e realizar fabricação lá?
A Romênia ainda tem os custos trabalhistas mais baixos da Europa. Mais importante ainda, porém, temos uma tradição com produtos de fornecedores. O setor automobilístico romeno gera uma receita total anual de 41 bilhões de euros, mais de 70% disso é gerado por fornecedores. Eles fornecem as peças para as OEMs na Europa. Eu sempre digo que nenhum veículo é fabricado na Europa sem pelo menos uma peça da Romênia. Por isso, essa tradição é nossa maior vantagem. Provamos que podemos fabricar qualquer peça na Romênia. Além disso, somos eficientes e temos a estabilidade política, fiscal e de investimento necessária.
Além do setor automobilístico, em quais outras áreas a Romênia é particularmente forte?
TI e eletrônicos são setores importantes. Mas também somos fortes na produção de têxteis, móveis e equipamentos de transporte, como bondes e locomotivas.
Qual é o efeito da transição para drives elétricos na indústria automobilística? Como a Romênia planeja aproveitar isso?
Se a indústria se mover principalmente para drives elétricos, os fornecedores na Romênia se adaptarão aos requisitos das OEMs. A Ford já anunciou que fabricará veículos totalmente elétricos na Romênia a partir de 2024, e a Dacia planeja inicialmente produzir veículos híbridos.
O que foi feito na Romênia para atrair trabalhadores qualificados?
Toda a Europa tem um déficit de trabalhadores qualificados, e cada país está tentando encontrar soluções adequadas. A Romênia, por exemplo, tem parcerias com universidades e escolas para atrair jovens trabalhadores com as habilidades necessárias. Além disso, estamos procurando talentos na Moldávia, Sérvia e Bulgária, além da Índia e do Paquistão.
Em quais regiões da Romênia a indústria automobilística se concentrou?
Dependendo de sua fabricação, muitos fornecedores estão procurando boas conexões com rodovias, aeroportos ou estações de trem para poderem enviar rapidamente. A indústria automobilística está principalmente localizada nas partes oeste e sul da Romênia. Em particular, o Oeste e o Leste têm regiões com um grande número de trabalhadores. Empresas que não necessitam de entregas rápidas podem estabelecer centros de desenvolvimento lá. Por exemplo, a Continental. Com 21.000 funcionários, o fornecedor é o maior empregador nesta região e possui quatro centros de desenvolvimento. Além da Continental, a Bosch, Renault e Siemens também operam tais centros, empregando cerca de 15.000 engenheiros.
Onde há espaço para melhorias na Romênia?
Embora tenhamos progredido, precisamos acelerar o ritmo de construção de infraestrutura e cortar mais rapidamente a burocracia. Com o conhecimento de que o panorama industrial mudará devido às mudanças climáticas e à eletromobilidade, os fornecedores enfrentarão novos desafios.
A EMPRESA
A sigla ACAROM significa Associação dos Fabricantes de Automóveis da Romênia. A associação foi fundada em 1996. Ela representa os interesses nacionais e internacionais de seus membros e promove o desenvolvimento e a inovação. Além disso, a associação oferece aos seus membros diversos serviços, como análises de mercado e medidas de treinamento.