As complexas redes de cadeias de suprimentos sempre foram suscetíveis a interrupções. No entanto, foram apenas as crises dos últimos anos que mostraram o quão frágeis elas realmente são. Ainda assim, como as redes podem se tornar mais resilientes e sustentáveis? Na última edição do BestPractice Day, em 2023, na Alemanha, especialistas de vários setores compartilharam seus conhecimentos sobre esse tema durante o fórum técnico “Supply Chain Network Management & Sustainability”.
“Esta década foi caracterizada pela instabilidade das redes globais da cadeia de suprimentos.” Foi assim que Canan Jungel, head de gestão de supply chain da Staufen AG, apresentou o tema. Isso faz com que seja ainda mais importante, continuou ela, tornar as redes mais resilientes com os esforços da digitalização. Até mesmo o último estudo da Staufen “Future Industry 2023” deixa claro que cerca mais de 70% das empresas entrevistadas consideram que a digitalização de seus processos tem o maior potencial para tornar suas próprias redes mais resilientes e adaptáveis. Ao mesmo tempo, a transparência dos dados tem se mostrado a base para uma maior sustentabilidade nas redes. “No passado, as empresas muitas vezes adotavam uma abordagem de lobo solitário em relação ao tema da sustentabilidade”, explica Canan Jungel. Apenas quatro em cada dez das mais de 400 empresas pesquisadas para o estudo na Alemanha, Áustria e Suíça já optaram por uma rede mais robusta entre seus parceiros de rede. Entre elas, apenas 21% compartilham atualmente dados ambientais com clientes e fornecedores.
Networking garante uma melhor tomada de decisões
A digitalização e a cooperação também desempenham um papel importante na cadeia de suprimentos da BMW Group. Um representante da fabricante de automóveis com sede em Munique, na Alemanha, explica como um gerenciamento de crise digital está sendo implementado com sucesso na cadeia de suprimentos digital da empresa. Padronização, automação, rede, análise, previsão e autonomia são as principais capacidades exigidas nesse tipo de cadeia de suprimentos digital. Hoje, a BMW está em condições de realizar previsões e simulações de desenvolvimentos futuros usando vários cenários diferentes, levando em conta as variáveis político-econômicas e os fatores sociais e tecnológicos que as influenciam, permitindo que o grupo tome decisões e inicie medidas em tempo hábil. O gerenciamento digital de crises da montadora inclui um fluxo de trabalho que revisa e atualiza periodicamente os contatos no lado do fornecedor. No processo, todos os dados – para análises preventivas, por exemplo – são avaliados digitalmente.
Tirando lições do ecossistema para a cadeia de suprimentos
O Grupo Schwabe, um produtor de medicamentos fitoterápicos, é afetado por uma volatilidade “natural” na cadeia de suprimentos devido ao clima, à infestação de insetos e às estações do ano. Em sua apresentação, Harald Orth, Vice-presidente de Supply Chain e Logística, aproveitou essa relação com a natureza como uma oportunidade para elaborar as lições que as empresas podem aprender com os ecossistemas para suas cadeias de suprimentos:
- A força do trabalho em conjunto (como visto, por exemplo, em uma colônia de formigas ou de abelhas): “As pessoas podem fazer muito mais trabalhando juntas como uma equipe para atingir um objetivo comum.”
- Resiliência: “Os ecossistemas que são capazes de se recuperar de distúrbios como secas, incêndios ou inundações, persistirão. Indivíduos e empresas que se recuperam de contratempos são simplesmente mais eficazes.”
- Adaptabilidade: “As organizações que são capazes de se adaptar ao ambiente em constante mudança com rapidez suficiente têm maior probabilidade de sobrevivência e sucesso.”
- Sustentabilidade: “Os ecossistemas que são bem equilibrados e usam seus recursos de forma eficiente podem perdurar por longos períodos de tempo. As empresas que priorizam a sustentabilidade têm maior probabilidade de ter um ambiente intacto e uma solidez financeira estável.”
- Diversidade: “Ecossistemas mais versáteis são mais resistentes a interrupções.”
Reduzindo a pegada de CO2 na cadeia de suprimentos
A conferência foi concluída com uma apresentação do de Jens Ottnad, head de P&D de Dados e IA da Trumpf, sobre seu projeto de pesquisa de:karb, que a empresa está realizando em colaboração com parceiros. Atualmente, a produção de aço e chapas metálicas é responsável por cerca de um quarto das emissões industriais na Alemanha. O objetivo desse projeto é tornar a pegada de CO2 na produção de chapas metálicas mais transparente ao longo de toda a cadeia de suprimentos. A eficiência necessária será alcançada com uma plataforma online de livre acesso que permite às empresas determinar com precisão a pegada de CO2 de seu componente específico. Com base nos dados adquiridos, fica claro quais medidas proporcionam a economia de CO2 mais eficaz em cada etapa da produção.
A digitalização é fundamental para melhorar a proteção climática no setor.
Jens Ottnad,
Project Manager na Trumpf