Eficiência e Sustentabilidade no Agronegócio

A cadeia de suco de laranja é bastante complexa, com muitos fornecedores, matérias-primas suscetíveis a inúmeras ameaças, e pouca margem para acomodar variações de curto prazo. Quais as apostas da LDC no Brasil para ganhar eficiência neste cenário de tantas adversidades e incertezas?

De fato, a cadeia de suco de laranja é bastante complexa e influenciada pelas condições climáticas, que afetam diretamente a produção dos frutos e, consequentemente, toda a cadeia em si. Passamos por circunstâncias extremas, como, por exemplo, em 2021, com secas e geadas que reduziram o tamanho da safra em 16% no Brasil, mas, apesar disso, a produção de suco não concentrado (NFC) aumentou 66% no mesmo ano. O NFC é um dos investimentos atuais da LDC, dado o aumento da demanda na Ásia, Europa e nos Estados Unidos, onde a consumidor busca um produto mais fresco e natural.

A LDC investe constantemente em suas pessoas, ativos e em tecnologias e iniciativas que assegurem e facilitem o processo produtivo. Um exemplo é o investimento que fizemos em um novo software de gestão de desempenho digital, que tem como objetivo evitar desvios de processos operacionais e facilitar a análise da causa de possíveis problemas. Outro exemplo é a frota de navios 100% dedicada às operações de transporte de sucos e produtos derivados. Nosso objetivo é ganhar eficiência e garantir que o produto chegue ao seu destino no prazo, com segurança e confiabilidade.

A LDC comunicou recentemente que vai expandir sua capacidade de produção e armazenamento de suco de laranja não concentrado (NFC) na unidade de Matão, no interior de São Paulo, para atender principalmente o mercado externo. Qual é hoje a importância dos países europeus, da Ásia e dos Estados Unidos para o negócio do suco da LDC?

O Brasil é o maior exportador de suco de laranja do mundo. Logo, aumentar a produção e o armazenamento de NFC nos permite atender à crescente demanda por esse produto de alto valor agregado e reforça nossa posição como uma das principais processadoras e comercializadoras globais de suco de laranja.

Você comentou que a LDC faz a gestão de mais de 25 mil hectares de pomares de cítricos. Sabemos que vocês encaram o tema da sustentabilidade bastante a sério pois o negócio de vocês tem uma dependência enorme da saúde do solo e do clima. Você pode falar um pouco do que tem sido feito e quais os desafios a superar nesta questão?

Atuamos para promover mudanças positivas em nossa cadeia de valor. Trabalhando dessa maneira, garantimos aos clientes e consumidores que produzimos, processamos e transportamos nossos produtos com responsabilidade, cumprindo nosso propósito de criar valor justo e sustentável para o benefício das atuais e futuras gerações.

Nós compartilhamos nossa expertise com produtores nas regiões onde operamos – fazendo isso nós mesmos ou com parceiros de negócios e organizações especializadas, como parte de nosso compromisso com cadeias de fornecimento responsáveis, sustentáveis e rastreáveis.

Logo, impulsionar a produção de sucos cada vez mais sustentável é uma prioridade para a LDC, atuando em nossas próprias operações e influenciando nossos fornecedores a adotarem práticas sustentáveis em suas fazendas, em linha com nosso manual de conduta do fornecedor.

Em todas as nossas operações, continuamos a nos concentrar na redução de nossa pegada ambiental. Temos reduzido as emissões de CO2 e os resíduos sólidos enviados para aterros sanitários ano a ano. Além disso, aproveitamos 100% da fruta, nenhuma parte é desperdiçada no nosso processamento.

Também, todas as 38 fazendas gerenciadas pela LDC são verificadas de acordo com os padrões da Plataforma SAI e 32 fazendas também são certificadas pela Rainforest Alliance.

A cadeia do suco de laranja é bastante integrada. Como a digitalização está contribuindo no melhor aproveitamento da fruta, na redução do consumo de insumos e no aumento da eficiência dos processos ao longo de toda a cadeia produtiva, isto é, do pomar até a entrega do suco para os clientes?

Nos esforçamos para manter práticas agrícolas responsáveis em nossas atividades, como a utilização consciente de produtos fitossanitários, a análise e ajustes diários de maquinário, garantindo que utilizemos apenas a quantidade necessária de defensivos agrícolas e de água, e também contamos com uma tecnologia que coleta e compartilha dados dos inspetores de pragas, permitindo que nossas equipes façam a gestão muito próxima dos pomares.

Nossa plataforma digital, Trace LDC, permite que nossos clientes acompanhem detalhadamente toda a jornada percorrida pelos produtos adquiridos, dos pomares até o envio. Com tecnologia blockchain, a plataforma fornece dados de certificação de nossas fazendas e instalações, além de informações sobre nossos padrões de segurança alimentar e sustentabilidade.

Como parte da jornada da LDC para ajudar a moldar uma economia de zero emissões de carbono, realizamos teste bem-sucedido de biocombustível em um dos nossos navios modernizados de suco, usando uma mistura de biocombustível B30 com combustível naval pela primeira vez para navegar de Ghent, na Bélgica, até Santos, no Brasil, e voltar com uma carga completa de sucos de laranja não concentrado e concentrado congelado, por um período de 55 dias.

Jorge, você tem uma carreira de quase 30 anos no segmento do agronegócio, a maior parte dela ocupando posições de liderança. Quais são os seus maiores desafios à frente das pessoas e quais características você considera imprescindíveis em um líder, principalmente deste setor?

Os maiores desafios no que diz respeito a estar à frente das pessoas é oferecer a elas as ferramentas e oportunidades de que precisam para desenvolver todo o seu potencial, onde quer que estejam e qualquer que seja sua função.

É imprescindível que um líder entenda a individualidade, a capacidade e as necessidades de desenvolvimento de cada um de seus liderados, ainda mais em um setor tão fundamental quanto o que a LDC atua. Nossa companhia tem um importante papel no avanço e modernização de toda a cadeia de fornecimento de alimentos. Estamos sempre em busca de solucionadores de problemas criativos e com visão de futuro sustentável, apaixonados pelo que desempenhamos na economia global de alimentos.