A pressão sobre a indústria está crescendo: o mercado e o público consumidor estão pressionando por maior sustentabilidade, enquanto, ao mesmo tempo, a digitalização está impulsionando o ciclo de inovação cada vez mais rápido. Dr. Thomas Schneider, diretor de desenvolvimento da TRUMPF Machine Tools em Ditzingen, na Alemanha, explica em uma entrevista como a engenharia mecânica apoia a transição para uma economia circular e como os modelos de negócio estão mudando.
UMA ENTREVISTA EXCLUSIVA COM Thomas Schneider, DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO, TRUMPF Machine Tools
Thomas Schneider é Managing Director de Desenvolvimento na TRUMPF Machine Tools, em Ditzingen. Após concluir seus estudos em engenharia mecânica com doutorado no Karlsruhe Institute of Technology (KIT), assumiu várias posições em desenvolvimento e, entre outras coisas, liderou o desenvolvimento de sistemas de controle e atuação de voo em uma empresa familiar. Em 2016, ingressou na TRUMPF como Head de Plataformas de Produção e é responsável pelo desenvolvimento da Divisão de Negócios de Máquinas-Ferramenta desde o início de 2018.
Dr. Schneider, na TRUMPF, equipes ágeis de engenheiros mecatrônicos, cientistas da computação e especialistas em engenharia mecânica desenvolvem produtos inovadores. Como fazer uma ligação bem-sucedida com os temas de sustentabilidade e proteção do clima? Você também integra especialistas em sustentabilidade nas equipes de desenvolvimento ?
Somos uma empresa que impulsiona a tecnologia e, como tal, estamos impulsionando ativamente a mudança. Isso inclui os temas de sustentabilidade e proteção do clima. Como uma grande iniciativa estratégica do Grupo TRUMPF, essas áreas estão ancoradas em todas as partes da empresa. Especificamente voltadas para o desenvolvimento, nossas equipes são compostas por três grupos: gestão de produtos, P&D e fluxo de valor. Dentro da Gestão de Produtos está a responsabilidade de consolidar as questões de sustentabilidade e gerar decisões. O tema da sustentabilidade é assim trazido para as equipas de desenvolvimento através da Gestão de Produto. Como inovadores, mantemos nossas convicções e abastecemos o mercado com produtos cada vez mais sustentáveis. Mas nossos clientes também nos desafiam. Compartilhamos uma relação simbiótica com nossos clientes, trabalhando em conjunto para enfrentar os desafios globais.
Existem objetivos conflitantes dentro das equipes de desenvolvimento, uma vez que a melhor solução técnica deve ser combinada com critérios de sustentabilidade? E isso desacelera ou estimula o espírito inventivo?
Não há barreira para implementar a solução ideal, porque produtos mais sustentáveis contribuem positivamente para todos nós e para a próxima geração. E: Na TRUMPF, combinamos sustentabilidade com digitalização. O objetivo é abordar questões de sustentabilidade de forma mensurável, quantificável e baseada em dados. Desta forma, queremos entender melhor a contribuição realizável da sustentabilidade para tomar as decisões certas. Essa abordagem sistêmica tem um efeito estimulante sobre a inventividade.
Como o setor metalmecânico pode se tornar mais sustentável? Que outras tendências estão atualmente moldando a indústria?
Atualmente vemos três megatendências para o setor metalmecânico que estão sendo reunidas nas empresas: sustentabilidade, digitalização e engenharia de sistemas. Uma mudança importante na forma de indústria se tornar orientada a serviços. Isso significa que o fabricante da máquina não vende simplesmente o equipamento para seus clientes, mas vê o serviço completo como um componente fundamental de seu modelo de negócios.
Porque para podermos tomar as melhores decisões de proteção climática e sustentabilidade, temos que ter uma visão holística da produção em nossas máquinas junto com nossos clientes. Em outras palavras, temos que tratá-la como uma economia circular. Reunir fabricantes e operadores nos permite alavancar o maior potencial e resolver tarefas sistêmicas. A esse respeito, acho que estamos no início de uma nova era, em que as coisas estão se harmonizando e estamos mudando as fronteiras do sistema.
Então, o construtor de máquinas – em uma economia circular – está se tornando um provedor de serviços?
Com nossas máquinas, nos especializamos no processamento de chapas metálicas – um material que, aliás, é bastante adequado para a economia circular, pois a sucata pode ser refundida e processada. Por isso trabalhamos aqui com dois circuitos diferentes que se interligam: Por um lado, a chapa metálica, que sempre pode ser incluída no processo de produção. Por outro lado, com nossas máquinas, que oferecemos cada vez mais em design modular. Isso permite uma estratégia de reforma flexível, que também se reflete no modelo de negócio de Equipment-as-a-Service (EaaS). Nesse caso, EaaS significa que a máquina está localizada na empresa do cliente, mas o cliente paga apenas por componente que realmente é produzido com a máquina. Neste processo de produção de pagamento por peça, a TRUMPF assume maior responsabilidade no processo de valor agregado. Ele nos ensina muito sobre diferentes usos, desafios e possibilidades de otimização. E graças ao design modular, podemos renovar ou adaptar especificamente algumas peças das máquinas, o que é ideal em termos de produção sustentável.
Que outras opções estão disponíveis para a TRUMPF em termos de proteção ambiental e climática?
Com a litografia EUV para chips de alto desempenho que desenvolvemos na Zeiss e ASML, estamos ajudando a garantir que smartphones ou computadores funcionem com muito mais eficiência e de maneira mais ecológica. Neste mercado, somos o único fabricante de laser no mundo que pode fazer isso. Também estabelecemos metas altas para nós mesmos, modernizamos edifícios e otimizamos a produção. Essa é uma das razões pelas quais o Grupo TRUMPF já é neutro em CO2. Nós – e nossos proprietários como os principais impulsionadores – estamos altamente motivados para atingir a meta de 1,5 grau. Nossa maior alavanca, porém, são nossos clientes. Apoiamos a transição para fábricas verdes e modelos de negócio holísticos. Se somos bem-sucedidos com isso, nossos clientes também o são.
SOBRE A EMPRESA
O Grupo TRUMPF, com sede em Ditzingen, perto de Stuttgart, na Alemanha, é um dos maiores fornecedores mundiais de máquinas e está representado em todos os principais mercados do mundo por mais de 70 subsidiárias. No ano fiscal de 2020/21, a empresa gerou vendas de mais de € 3,5 bilhões com quase 15.000 funcionários. Originalmente fundada como uma oficina mecânica em 1923, a TRUMPF tornou-se hoje líder de mercado e tecnologia em máquinas e lasers para fabricação industrial. Graças a soluções inovadoras de software, a empresa também é considerada um parceiro no caminho para a fábrica inteligente.
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